A 7ª edição do Meeting Lisboa tem como título um verso do Poema em Linha Recta, de Álvaro de Campos. Naquele poema, o autor começa por desabafar: “Nunca conheci ninguém que tivesse levado porrada”.
Não foi certamente o caso de Job. Segundo a tradição hebraica, Deus concede saúde, prosperidade e felicidade ao justo, e castiga com desgraças e sofrimentos o injusto. Ora, Job era um homem justo a quem Deus, no entanto, foi permitindo que tudo lhe fosse sendo tirado, a propriedade, os filhos e, por fim, a saúde.
Se Deus é bom porque é que permite o mal e o sofrimento? Esta é a pergunta que dá o mote ao itinerário proposto pela exposição “Job – Há alguém que escuta o meu grito?”.
O percurso está dividido em duas partes: a primeira percorre a experiência relatada no Livro Bíblico de Job, integrado na tradição hebraica, e faz parte da exposição “Job e o enigma do Sofrimento” apresentado no Meeting de Rimini 2018. A segunda parte nasceu do entusiasmo de alguns amigos pela exposição que viram em Rimini. Deixando-se interpelar pela pergunta do título, encontraram ajuda para esta reflexão nas vidas de alguns portugueses, dois dos quais entretanto, proclamados santos.
Como pode um homem justo estar diante de um Deus que permite a dor e o sofrimento? Para Hugo, um dos organizadores da exposição, foi particularmente impressionante descobrir que a resposta de Job quando se vê confrontado com o seu sofrimento não é de admitir que tem culpa e o próprio livro nos diz que ele não tem culpa. Não é uma resposta de quem aceita simplesmente a sabedoria convencional sobre o que se entendia ser Deus, como fazem os amigos de Job que o visitam. É um grito puro de revolta e de desafio para com Deus!”.
Trata-se, assim, de uma exposição sobre o drama da dor e sobre como cada um pode encontrar a resposta para o viver.
Os organizadores propõem esta chave de leitura: “Há uma outra figura que aparece mais tarde na Escritura que é o símbolo de alguém que sofre sem ter cometido nenhum mal. Também sofreu na sua carne os pecados que não são seus.” (G. K. Chesterton).
Na segunda parte da exposição vêm relatadas vidas de quatro portugueses, S. Francisco e Santa Jacinta Marto, e os beatos Bartolomeu dos Mártires e Alexandrina de Balasar. Hugo explica porquê: “Job é uma figura literária, e a meu ver era importante termos pessoas de carne e osso, com histórias (às vezes de sofrimento brutal) encarnadas – ‘Jobes’ encarnados em figuras de carne e osso mais perto de nós no tempo e no espaço”.
Para esta parte da exposição o empenho dos organizadores incluiu também uma visita a Balazar, onde viveu e morreu Alexandrina, a Viana e a Braga, os locais por onde andou Bartolomeu dos Mártires.
À semelhança do método de preparação da exposição, a esperança dos organizadores é a de que cada visitante possa identificar alguma parte desta com a sua própria história.
Dias 9 e 10 de Novembro, no Pavilhão Carlos Lopes!
Inês Avelar
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